Então, senta que lá vem história...
Desde sexta-feira estávamos ouvindo sobre o furacão, mas honestamente é difícil acreditar que algo de ruim vai acontecer a "New-York-City-Center-of-the-Universe"... Eu e Renata viemos no sábado para Connecticut pra casa da tia dela, pra espairecer dos estresses que estávamos tendo no dorm (isso fica pra depois).
Tivemos um fim de semana agradável, tirando fotos das árvores alaranjadas e vendo filme e curtindo mesmo o fato de estarmos numa casa arrumada e cheirosa (diferente do nosso apartamento que cheira a fritura...). Mas então no domingo de manhã ouvimos que os trens todos iam fechar por causa do Sandy - tanto o metrô quanto os trens que ligam NYC às outras cidades próximas. Então pegamos um trem cedo, pra chegar em NYC antes do metrô fechar.
Chegando na Grand Central, sentimos que todo mundo estava mega tenso... Chegando no apartamento, estocamos água em todas as panelas da casa, e fomos no mercado da esquina comprar algumas coisas pra comer, água potável e papel higiênico. Que eu me lembre, as aulas de segunda já tinham sido canceladas. Domingo à noite teve uma orientação no dorm sobre o que fazer e tal. No domingo ficou um vento meio forte, mas se dizia pelos jornais etc que o pico seria na segunda-feira às 8h da noite.
Segunda-feira inteira ficamos morgando, e com medo do vento (moramos no 15o andar). E quando chegou a hora marcada realmente estava ventando bem mais forte. Descemos pro apartamento da Amanda e da Jéssica, que é no 9o andar, e elas iam fazer brownie... Mas a luz acabou logo que foram ligar o forno! XD Umas 9h da noite. Parece que um dos geradores da ConEd explodiu, e todo mundo mais ou menos da 27th pra baixo ficou sem luz.
E logo que acabou a luz, acabou a água também, do 6o andar pra cima. E aí que começou a ficar tenso porque não dava nem pra dar descarga. Bom, conseguimos dormir e no dia seguinte, já sem vento, saímos do prédio - em um dos prédios de aula da faculdade, eles tem um gerador, então estavam disponibilizando pra carregar eletrônicos durante o dia, e estavam dando comida de graça (o que fica estocado na cafeteria ia estragar, né?).
Algumas coisas que vimos no caminho...
A rua não estava tão destruída quanto eu pensei, o que foi um alívio. Mas estava tudo deserto. Na faculdade, o diretor (que estava lá acompanhando o perrengue) avisou que ficaríamos sem aula até segunda-feira mesmo que a luz voltasse dali a 5 minutos. Depois fomos andando para uptown pra conseguir sinal de celular, pra tranquilizar família, amigos etc que tinham acabado de ver reportagens mega assustadoras no Jornal Nacional e no Fantástico, pelo que me contaram. Almoçamos num restaurante que a tia Leti descobriu quando veio pra cá, ali perto do Herald Square.
Na faculdade, terça-feira. O cara com megafone é o diretor, que estava lá com todo mundo. Muitas pessoas do staff estavam no prédio desde sexta-feira (seguranças e cafeteria).
Depois eu e Renata voltamos a pé com lanterna, naquela escuridão, descendo a Broadway e passando por outras pessoas com lanternas aqui e ali. Na Union Square passamos por um monte de caminhões da ConEd... Chegando no prédio, subimos nossos 15 andares de escada, depois de escovar dente, lavar rosto e tudo mais no banheiro do 1o andar... E lá em cima, toda noite a gente torrava as baterias dos laptops vendo um filme atrás do outro pra dar um pouquinho de alegria! Hahaha!
Últimos postes acesos indo pra downtown Manhattan, altura da 27th (logo acima do Madison Square Park).
Na quarta-feira fomos pra casa da Nicole (minha amiga brasileira que mora em NY e está cursando a faculdade inteira na Parsons) pra tomar banho, e a linda ainda fez arroz e feijão! <3 Os ônibus tinham voltado a rodar de graça, mas mesmo assim demoramos 1h pra chegar na casa dela... E pra voltar, fomos carregando mochilas e a mala com roupas e tudo, correndo atrás de comprar balde e enrolando o máximo possível na rua pra não ter que voltar pra casa...
Do prédio da Nicole dava pra ver direitinho até onde tinha luz em Manhattan.
Ontem foi praticamente igual terça, acordar tarde naquele fedor de apartamento sem água, sair pra faculdade pra ver o que estava acontecendo e pegar comida e carregar as coisas... Lá encontramos o pessoal que mora no dorm do Financial District, que teve que ser evacuado - estão dormindo no carpete mesmo, nesse prédio que tem o gerador... :(
Almoço de graça
Daí soubemos que os trens voltaram a funcionar e voltamos aqui pra Connecticut. Descemos os 15 andares com uma mala enorme de quem está com medo do frio de Connecticut e ainda por cima não está nem enxergando o que já colocou na mala... A casa da tia da Renata tá sem energia, mas pelo menos tem água e ela tem um escritório onde tudo tá funcionando (de onde estou escrevendo! :D)
Conseguimos assistir o que o Jornal Nacional passou sobre o furacão e putz, que assustador! Não sabia como as coisas estavam nas outras partes da cidade... O Hudson River transbordou, no Queens (acho) teve incêndios e no Brooklyn enchentes tensas... Graças a Deus não aconteceu nada de ruim com a gente, fora o perrengue de viver naquela nojeira. É muito ruim quando o banheiro da sua própria "casa" começa a feder a banheiro químico com 4 pessoas usando... :S E ainda bem que a Renata tem a tia dela tão pertinho de Nova York, que é uma grande ajuda, não só em termos de conforto mas também psicológicos... XD Não sei nem como agradecer à Cristina e ao Paul por receberem a gente nessa confusão.
Bom, é isso! Agora é esperar pra ter notícia de quando o prédio vai voltar ao normal, pra gente retornar... Nosso Halloween melou e estou lá com tinta verde pra cara e cílios postiços à toa. Estou mega quebrada de todas as subidas dos 15 andares carregando computador, mala, balde de água... E pra completar o show da Idina Menzel, pro qual eu tinha comprado ingresso em março, foi cancelado. SANDY INVEJOSA!!!
Enfim... Beijos procês!!! Obrigada pela preocupação a todos que vieram perguntar como a gente estava. :)
<3